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Gian Paolo Roffi por Lucas Zaparolli

TRADUÇÃO VOLUME 5 NÚMERO 2



1.


Il poeta medita sulla precarietà di tutte le cose materiali e immateriali che occupano il suo spazio esterno ed interno.

che resta infine poi di quello che noi siamo noi facciamo di quello che pensiamo nel silenzio di quello che talvolta diciamo. immagini trascorse tralasciate fotografie sbagliate carte segrete oggetti conservati reietti nel fondo dei cassetti.


nella memoria altrui poche parole approssimate scompagnate sole



2.


Il poeta immagina che qualcosa possa restare di quello che ha detto e scritto nella sua vita.



qualche parola sola se talvolta trovi la chiave giusta quella che per caso apre la porta dei pensieri altrui dei desideri che ogni giorno comporta. una parola sola solo una quella che ci accomuna nel diverso sentire nell’uguale patire l’àlea della fortuna. quella rimane quella resta incisa nella mente divisa


4.


Il poeta osserva il suo appartamento e medita sulle diverse accezioni della parola “vano/vani” intesa come aggettivo e come sostantivo.



uno spazio vitale un luogo: ambienti adibiti ai bisogni elementari: mangiare riposare defecare. poco di più nel vano percorso quotidiano.


si dice casa: quattro cinque vani pieni di cose: oggetti atti a sanare il vuoto materiale mentale per uso funzionale.


riempire il vacuo. accumulare invano l’eccesso innaturale




8.


Il poeta, di notte, accende la luce sulla terrazza della casa in montagna e osserva il colore della Parthenocissus quinquefolia. Poi, sentendo il verso dei cervi in amore, medita sulla ciclicità della natura.



di nuovo rosse quest’anno le foglie

della vite. silenzio ascolto attesa.

ecco: una voce roca si dispiega.

anche quest’ anno il bramito dei cervi

risuona intorno. ancora.


io sono qui. rivedo

le stesse cose. ascolto

le stesse voci. e intanto

un anno è andato. e ancora

sono e rimango. ancora.


a valle sento il fiume come un suono indistinto lontano



10.


Il poeta, osservando autori e titoli su una bancarella di libri usati, pensa che appartenessero alla biblioteca di un suo coetaneo venduta dagli eredi.



quali parole quali

pensieri stimolati nella sua mente ignota a me também compagno nei testi nell’età nelle pulsioni. riconosco percorsi relazioni scelte avvedute mie predilezioni. restano i libri sparsi resi merce dispersi per altra fruizione. sarà forse la sorte mia dei miei libri dopo la mia morte


Do livro Intuizioni, Eureka Edizioni, 2018




1.


O poeta medita sobre a precariedade de toda coisa material e imaterial que ocupa seu espaço externo e interno.


que resta enfim pois daquilo que

nós somos nós fizemos

daquilo que pensamos

no silêncio daquilo

que tal vez dissemos? imagens passadas perdidas

fotografias esvanecidas

cartas secretas objetos

se conservam se rejeitam

no fundo das gavetas.


na memória alheia poucas palavrinhas

aproximadas apartadas sozinhas



2.


O poeta imagina que algo possa restar daquilo que tem dito e escrito em sua vida.



uma palavrinha só se quem sabe

ache a chave certa a quela que

por acaso abra a porta do pensamento

alheio dos desejos

que em todo dia cabe.

uma palavra só só uma aquela que se una

no diverso sentimento

em igual sofrimento

à roda da fortuna.


a que perdure a que fique fixa

na mente divisa



4.


O poeta observa seu apartamento e medita sobre as diversas acepções da palavra “vão/vãos” seja como adjetivo ou como substantivo.



um espaço vital um lugar: ambientes

usados pra necessidade elementar

alimentar repousar defecar. pouco mais no vão

percurso cotidiano.


se diz casa: quatro cinco vãos

cheios de coisas: objetos

aptos a sanar o vazio

material mental

pelo uso funcional.


preencher o vácuo. acumular em vão

o excesso anormal




8.


O poeta, de noite, acende a luz do terraço da casa na montanha e observa a cor da Parthenocissus quinquefolia. Então, ouvindo o som dos cervos apaixonados, medita sobre a ciclicidade da natureza.



de novo vermelhas este ano as folhas

da videira. silêncio escuta espera.

eis: uma voz rouca se desdobra.

também este ano o bramido dos cervos

ressoa no entorno. ainda.


eu estou aqui. revendo

as mesmas coisas. escuto

as mesmas vozes. e entanto

um ano passou. e ainda

estou e permaneço. ainda.


pelo vale ouço o rio indistinto

som longínquo




10.


O poeta, observando autores e títulos sobre uma banquinha de livros usados, pensa que pertenceram à biblioteca de um colega seu vendida pelos herdeiros.



quais palavras quais

pensamentos estimulados

na sua mente ignota

para mim igual companheiro

nos textos na idade nas pulsões. reconheço percursos relações

escolhas prudentes minhas predileções.

restam os livros esparsos

devoluções dispersas

para outras fruições. será talvez a sorte

minha dos meus livros após minha morte



Traduções: Lucas Zaparolli




Gian Paolo Roffi nasceu em 1943, em Bolonha, onde vive e trabalha. Provém, por estudos e atividades, da área literária, à qual continua a fazer referência. Escreveu textos para espetáculos musicais (Con gli occhi di Simone, 1978; Ricordando Milly, 1981). No início dos anos 80 entrou em contato com a área da “Poesia Totale”, colaborando intensamente com Adriano Spatola até sua morte. Publicou as seleções de poesias Reattivi (1984), Madrigali (1986), Perverba (1988), Contesti (1997), Intuizioni (2018). Foi editor das revistas “Tam Tam”, “Baobab”, “Dopodomani”. Fez parte do grupo de poesia sonora “Baobab”, do grupo de intervenção artística “I Metanetworker in Spirit” e do “Jazz Poetry Quartet”. Ativo no campo da poesia sonora, participou de inúmeras mostras e está presente em antologias-cassete, LP e CD na Itália e no exterior. Em 2009, recolheu sua produção sonora no álbum de 2 CD VOX. Como poeta visual, realizou a série de telas L’immagine del respiro (1986-87) e as subsequentes Schizografie (1988-89 e além); em 1991, publicou Voli, texto verbo-visual; em 1997, Segni & Segni, poema visual; em 2000, Letterale; em 2008, Della Luna; em 2011, Syncrasies; em 2013, Sintassi dei frammenti; em 2016, Recovered Words. A colagem, o livro-objeto, a montagem são as formas predominantes de seu trabalho artístico, sempre ligadas ao fenômeno da linguagem e da visualização da escrita. Em 2016, Pasquale Fameli dedicou-lhe a monografia Gian Paolo Roffi. La quadratura del cerchio (Campanotto Editore).

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