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Foto do escritorREVISTA ZUNÁI

Cristiano Poletti por Lucas Zaparolli

TRADUÇÃO VOLUME 5 NÚMERO 2



SEMPLICE


Tu sarai all’ombra di un suicidio

e io forse avrò amato, alla fine.


Terra, sventura.

Spiraglio.


Risaliremo il destino

tra la tomba degli angeli

e quella degli uomini.


Sono uguali inchiostri i nostri

debiti d’amore.



SIMPLES


Você estará à sombra de um suicídio

e eu talvez terei amado, no fim.


Terra, desventura.

Passagem.


Remontaremos o destino

entre a tumba dos anjos

e essa dos homens.


São iguais tintas as nossas

dívidas de amor.




REFERTO


Venne su ogni figura un temporale,

così, improvvisamente,

mentre tutto era in polvere.

Cose e persone e l’ora

si stringeva scurendosi e correva

nell’arco di un azzardo

a darsi il corpo, del corpo il referto,

lo scopo delle mani, l’universo

in una stanza piena di sudore.

Così di un mio segreto

amore di una notte

provavo a raccontarti e adesso

ti scrivo che ricordo:

i due a fine temporale

non si sono più rivisti.

Oltre il momento d’acqua, il corridoio

di pioggia che fu specchio, se ne vanno

nel timore di amare, gli uomini.

E il caldo insiste,

da secoli urla noi,

afferma e nega, scompare, ritorna

in rima ingenua, dice che è del male

una radice, amore, e non ha cuore.



RELATO


Caiu sobre cada figura um temporal,

tão repentinamente,

enquanto tudo era pó.

Coisas e pessoas e a hora

se apertava escurecendo e corria

na curva de um risco

a dar-se o corpo, do corpo o relato,

o escopo das mãos, o universo

em uma estância cheia de suor.

Aí de um meu secreto

amor de uma noite

tentei te contar e agora

te escrevo que recordo:

os dois ao fim temporal

nunca mais se viram.

Além do momento da água, o corredor

de chuva que era espelho, vão-se

no temor de amar, os homens.

E o calor persiste,

por séculos berra para nós,

afirma e nega, desaparece, retorna

em rima ingênua, diz que é do mal

uma raiz, amor, e sem coração.




UNA PERSONA


Dalla luce, dal tempo

sei qui

tornato

nella fiamma

di chi ti ama e ti amò. Ti amò

la polvere dove sono,

dove s’inseguono e rivivono

la quercia e il vento di un pensiero

stretti nel rettangolo del giardino.

Torni e hai con te il mattino,

il nuovo inizio di una casa, questa

sullo sfondo, e dentro

sei nella pendola ferma che tiene,

ha trattenuto in silenzio il silenzio

delle mani, l’umiltà delle vene.

Tu canti adesso

una canzone di puro mattino.

Il catalogo delle finestre sulla notte

tanto aperto si è chiuso.

Istante della voce, voce del sempre, lettere.

Mandate lettere al loro indirizzo.

Lì chiara l’anima tornò.


UMA PESSOA


Da luz, do tempo

você está aqui

tornado

na chama

de quem que te ama e te amou. Te amou

a poeira onde estou,

onde perseguem e revivem

o carvalho e o vento de um pensamento

estreito no retângulo do jardim.

Torna e tem contigo a manhã,

o novo início de uma casa, esta

sobre o fundo, e dentro

está no relógio parado que mantém,

seguro no silêncio o silêncio

das mãos, a humildade das veias.

Canta agora

uma canção de pura manhã.

O catálogo das janelas à noite

tão aberto se está fechado.

Instante da voz, voz do sempre, letras.

Mande cartas a seu endereço.

Lá clara a alma retornou.




LETTERA DALLO STESSO LUOGO


Vivo qui, mi racconti, dove

porta a un solco doloroso

il mercato dei giorni: chi

in settembre assente

si mescola nel giro a vuoto

di un vinile; chi

toglie dal fuoco un’ombra prolungata

nel genio antico della casa; chi nello stesso luogo

si abbandona già al gelo di uno specchio

e sputa

sul quaderno della fine

aperto sempre, e ora. Ora, non credere,

niente si è perso, niente

in filigrana. Le perdite

tornano, sono qui coi miei anni

in un solco doloroso, e felice,

dici, tornano i loro visi.


Da qui vivi, ti dico. È tutto.



CARTA DO MESMO LUGAR


Vivo aqui, me conte, onde

leva a um rastro doloroso

o mercado dos dias: quem

no setembro longínquo

se mistura no giro ao vazio

de um vinil; quem

tira do fogo uma sombra prolongada

no gênio antigo da casa; quem no mesmo lugar

se abandona já à geada de um espelho

e cospe

no caderno do fim

aberto sempre, e agora. Agora, não crer,

nada está perdido, nada

em filigrana. As perdas

retornam, estou aqui com meus anos

em um rastro doloroso, e feliz,

você diz, retornam os seus rostos.


Daqui você vive, te digo. É tudo.




NEGLI ANNI UN NERVO


È stata una città e tutto un ritorno

verso casa, verso sera.


Era una strada, nel bianco del caldo

nell’impermanenza di due ore

diverse.

Dentro, l’immagine di un ragazzo.


Ed era

stringere negli anni un nervo, fissando

il fuori in fiamme col tremore

dei temporali negli occhi.



NOS ANOS UM NERVO


Foi uma cidade e todo um retorno

para casa, para tarde.


Era uma estrada, no branco do calor

na impermanência de duas horas

diversas.

Dentro, a imagem de um rapaz.


E era

apertar nos anos um nervo, fixando

o fora em chamas com o tremor

dos temporais nos olhos.



Traduções: Lucas Zaparolli




Cristiano Poletti (Treviglio, 1976) é o autor de Porta a ognuno (poesia, L’arcolaio, 2012); do ensaio Trovandomi in inviti superflui, in L’attesa e l’ignoto - L’opera multiforme di Dino Buzzati i (L’arcolaio, 2012); prosa crítica coletada em poetas (correspondência literária, 2019); o livro-DVD Libellula gentile, com o documentário de Francesco Ferri dedicado à figura e obra de Fabio Pusterla (Marcos y Marcos, 2019); de Temporali (poema, Marcos y Marcos, 2019). De 2007 a 2017 dirigiu Trevigliopoesia, festival de poesia e vídeopoesia. Desde 2013 é editor do liter-blog Poetarum Silva (poetarumsilva.com). Ele trabalha na Universidade de Bergamo.

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