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Brasil: uma guerra contra os pobres

EDITORIAL VOLUME 5 NÚMERO 2



Após o golpe de estado de 2016, que derrubou a presidenta legítima do Brasil, Dilma Rousseff, eleita pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foram aprovadas uma série de medidas no Congresso Nacional que retiram direitos do povo brasileiro, como a reforma trabalhista, que permite aos empresários contratar trabalhadores sem pagar o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), férias, licença-maternidade e outros benefícios garantidos na Constituição, e a reforma previdenciária, que aumenta o tempo de contribuição de homens e mulheres para a aposentadoria, desprezando o fato de que, sobretudo no campo, muitos trabalhadores morrem antes de completarem 60 anos de idade. Os governos reacionários de Michel Temer e Jair Bolsonaro (este último, de extrema-direita, eleito a partir de fake news divulgadas nas redes sociais, financiadas por grandes empresários brasileiros) aprovaram diversos outros projetos contra os interesses dos trabalhadores, como o fim do imposto sindical, para enfraquecer as centrais sindicais, a redução das investigações da Polícia Federal sobre casos de trabalho escravo no campo, a redução do valor do salário mínimo, o incentivo à terceirização e precarização dos postos de trabalho, diminuindo o número de empregados registrados com carteira assinada, as ações violentas da Polícia Militar contra assentamentos de trabalhadores rurais sem terras, o congelamento dos investimentos públicos em saúde e educação por 25 anos, o fim de programas como o Ciência sem Fronteiras, que permitia a jovens brasileiros cursarem o mestrado e doutorado no exterior custeados pelo estado, entre muitas outras ações. Todo esse programa antioperário e antipopular é coerente com um modelo econômico neoliberal e entreguista, que alia o fim dos direitos trabalhistas e sociais às privatizações de bancos públicos e outras empresas estatais e à entrega de nossas riquezas naturais, como os campos de pré-sal, minas de nióbio e áreas da Amazônia ao grande capital internacional, sobretudo o norte-americano. Todos esses interesses – dos grandes empresários urbanos, latifundiários, banqueiros e investidores internacionais – estavam por trás do golpe de estado contra a presidenta Dilma Rousseff, o maior ataque contra os direitos dos trabalhadores e o regime democrático em toda a história do Brasil e atualizam o conceito de luta de classes, introduzido na ciência política por Marx e Engels.

A luta de classes não deixou de existir na era da “pós-modernidade”, da globalização e da Indústria 4.0.

Pelo contrário, nunca foi tão intensa como hoje, embora as formas de exploração da classe trabalhadora sejam mais diversificadas do que na época de Marx, não acontecendo apenas pela obtenção da mais-valia nos parques industriais, mas também pela exploração do trabalho de “empreendedores”, “terceirizados” e outros setores informais ligados à prestação de serviços que não trabalham em fábricas, não produzem mercadorias, não integram a classe operária tal como Marx compreendia esse conceito, muitos deles realizam o seu trabalho isoladamente e não em grupo, como os motoboys que entregam pizzas para a classe média, mas ainda assim estão sujeitos a jornadas de trabalho extenuantes, em situação de insegurança e precariedade, recebem baixas remunerações e contribuem para o enriquecimento de nossas elites, cada vez mais desumanas. Por outro lado, os trabalhadores não deixaram de lutar contra as injustiças e em defesa de uma nova ordem social, inclusive pela via da luta armada, como acontece ainda agora nas guerras populares em curso na Colômbia, Índia, Filipinas e, em menor grau, no Peru, Turquia e outros países, bem como nos movimentos sociais que se desenvolvem na Venezuela, Bolívia, Argentina, Brasil e outras nações latino-americanas, que defendem pautas como a luta contra o latifúndio e pela reforma agrária, a nacionalização do petróleo e outras riquezas naturais, a unidade latino-americana contra o imperialismo norte-americano, entre outros pontos avançados.

A luta de classes apenas atualizou-se, se vocês preferirem, podem chamá-la agora de klassenkampf 4.0.

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