top of page

Tankas e haikus de Ewaldo Schleder


ree


cá matutando

que mundo modorrento

amigas longe

amigos distantes

não mais boemia



Talvez uma vez

e bem naquela noite

de plena descoberta

você não mais quisesse

beijo na boca



Um bom bolero

são “dois pra lá dois pra cá”

passos de dança

para bem comemorar

o gozo dos amantes



Já vi o filme

nunca mais iremos ter

as aventuras

que vivemos ao luar

naquela noite de luz



Viajar e viajar

parar em cada porto

sem nenhum plano

seguir viagem além

até chegar em casa



Na cruz das almas

a paz consolida a morte

reina a quietude

no condomínio

de silêncio e pedra



A negritude

deve ter mais direitos

do que lhes dão,

suas reivindicações

são cheias de sentido



só esperando

sentado na varanda

a banda passar

com toda batucada

a pingar suor nas pedras



tempo perdido

preso à burocracia

ou não vivido

revigorar os dias

e as noites de gozo



solidão feroz

atravessar a noite

trás da palavra

retrofabromacstrongzap

dedilhar o dia D


flores em gala

ensaiam os passos

para a primavera



rã bailarina

no meio do palco

engoliu um sapo



de manhã eu assobio

no banheiro

para o sabiá


lasca de unha

uivo da natureza

lua crescente



fio da navalha

de um lado o tato

do outro o talho


voa passarinho

defeca nas nuvens

bica meu reino


ao ler a bula

descobri a poção

do meu veneno



era só um mágico

com uma cartola

nas mãos


cheiro de frio

sinto na pele

o som de cada cor


pela fresta da porta

sopra o vento

dos curiosos

Comentários


bottom of page