POESIA VOLUME 5 NÚMERO 2
AMARRADO A UM COMETA ÀS TRÊS HORAS DA TARDE
cansar de horas
não consultar mais
oráculos
fugir de visões
antever só o que
se sente
subir alto e
antes do tombo
construir a queda
como quem levanta um castelo
exercitar o verbo
enquanto
atadura
e sabotar as frequência
de qualquer aviso
precisar cair
como amarrado
a um cometa
como enjaulado
no mundo
como quem
toca a liberdade
ainda criança
e nunca se esquece
sem projétil
atirar-se
rompendo com o tecido epitelial
da atmosfera
e uma sequência
de alfabetos
surgirá
milhões de luzes
a vida urge
pra nascer
e
naquela altura
qualquer grito
é um nascimento
em ondas de
agito, ferve
o choro
NAM NAN
i am a man
i am aman
iam aman
i'maman
i'm mama
i am a man
i am aman
iam aman
i'm my man
TEMPO DE CRYSE
o tempo
cria cicatrizes
neste azul
e cada marca
fortalece
a incerteza
do peso
do céu
gentes
que carregam nuvens
nas costas
edificam
muros para habitar
melhor
a fumaça
e regam
com suor e
lágrima
e porra
as suas
misérias
DEFORMA
centenas de
lagos
sequências de
lados
a parte principal
de cada caco
substituição
das mãos
por cascos
cada cor
e o seu
arco
todos esses
fósseis
de formas
expandem e
explodem
a velha noção
aristotélica
do poema.
Caio Augusto Ribeiro é um artista e escritor brasileiro residente em Cuiabá/MT. Publicou os livros "Colecionador de Tempestades" (Carlini&Caniato, 2017) e "Manifesto da Manifesta" (Carlini&Caniato, 2018). É editor e fundador da revista digital Matapacos. Membro fundador do Coletivo Coma A Fronteira, onde investiga artes híbridas e intervenções urbanas. É acadêmico de Ciências Sociais, pela UFMT. O resto ele inventa.
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