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5 poemas de Diego Petrarca




Entre nuvens

cheias de chuva os olhos sobem

cada andar dos galhos naquela árvore

floresta afora

 

O sol

fechado dentro de um sábado em que o outono acelera as sua fibras e torna escuras as espumas no entanto a altura das dunas motivam olhos e ombros a pesarem bem menos que as gaivotas passantes

 

Seu cartão postal chegou

e me ficou

como se eu fizesse

ioga todo dia

de manhã cedo

seu cartão postal

me trouxe um mar de cima

aonde nado falho

em ondas da cabeça

aquário imaginário

sem nem motivo

de intervalo


 

NEORIKI DE OXUM


Obá

oxum aqui

rios, cachoeiras

fonte da

agua viva

que corre

serena dentro

de mim

mãe oxum

tem espelho

absorve os

segredos em

delicada coragem

em ti

se espelha

a beleza

nascente amarela

me dá

calma mulher

dourada d´água

ora yê yê ô!

corre pacífica

senhora da

beleza mansa

nado no

reflexo das

suas águas

mãe oxum

pressente sempre

o futuro

o presente

ora yê yê ô!

A tarde aumenta

desde os

galhos


goiabas

na mesa


 

Cravo da Índia

as narinas

têm dentro


toda a

cozinha


 

Diego Petrarca nasceu em Porto Alegre em 20 de março de 1980. Mestre em Teoria Literária – Escrita Criativa. Publicou, entre outros, os livros Tudo Figura, (2014), – selecionado pelo Plano de Edições do Instituto Estadual do Livro (indicado ao prêmio AGES poesia 2015) e Carnaval Subjetivo (Bestiário – 2018), Melhor é ser um peixe (Plaquete – Bestiário). Tem poemas publicados em mallarmargens, Literatura & Fechadura, Acrobata e Redesina.

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