Entre nuvens
cheias de chuva os olhos sobem
cada andar dos galhos naquela árvore
floresta afora
O sol
fechado dentro
de um sábado
em que o outono
acelera as sua fibras
e torna escuras as espumas
no entanto
a altura das dunas
motivam olhos
e ombros
a pesarem bem menos
que as gaivotas
passantes
Seu cartão postal chegou
e me ficou
como se eu fizesse
ioga todo dia
de manhã cedo
seu cartão postal
me trouxe um mar de cima
aonde nado falho
em ondas da cabeça
aquário imaginário
sem nem motivo
de intervalo
NEORIKI DE OXUM
Obá
oxum aqui
rios, cachoeiras
fonte da
agua viva
que corre
serena dentro
de mim
mãe oxum
tem espelho
absorve os
segredos em
delicada coragem
em ti
se espelha
a beleza
nascente amarela
me dá
calma mulher
dourada d´água
ora yê yê ô!
corre pacífica
senhora da
beleza mansa
nado no
reflexo das
suas águas
mãe oxum
pressente sempre
o futuro
o presente
ora yê yê ô!
A tarde aumenta
desde os
galhos
goiabas
na mesa
Cravo da Índia
as narinas
têm dentro
toda a
cozinha
Diego Petrarca nasceu em Porto Alegre em 20 de março de 1980. Mestre em Teoria Literária – Escrita Criativa. Publicou, entre outros, os livros Tudo Figura, (2014), – selecionado pelo Plano de Edições do Instituto Estadual do Livro (indicado ao prêmio AGES poesia 2015) e Carnaval Subjetivo (Bestiário – 2018), Melhor é ser um peixe (Plaquete – Bestiário). Tem poemas publicados em mallarmargens, Literatura & Fechadura, Acrobata e Redesina.
留言