HAKIM BEY NA OCUPAÇÃO 9 DE JULHO
O Estado mundial é o corpo
Novalis
Diadema é um dos nomes do monádico
que como o Pássaro da Eternidade
é buscado por aqueles que procuram
aquilo que jamais pode ser encontrado
e aparece em nossos sonhos o que está aqui
como uma paisagem invisível
apenas porque ainda não olhamos para ela
O paraíso está nos olhos que podem ouvir
aquilo que veem
O paraíso está nos olhos
de quem os fecha para poder ver
Pergunte ao si mesmo que se opõe ao eu?
porque o amadoamada sem nome
criou-se em árvores antes de criar-se em cosmo?
Chega-se até a favela de Eldorado pela elevação movente aqui
através da fusão do um se vai ao onze
fusão opaciada pela dimensão dos negócios bancários
onde a alma é convencida da inexistência do humano
depois ela será reconduzida até o começo do despertar, quando o dinheiro e a água forem bens públicos
reinvindicaremos isto
através da universidade desconhecida dos sonhos lúcidos
onde o corpo se vê retrovado
porque não existe ali
a necessidade de espelhos
porque podemos ver
o rosto do outraoutro
antes de nascermos
A gênese do lugar
uma topologia fantasma
chamada Canudos em toda parte
que se move
por dentro
do ônibus
lotado
que também é um massacre
embora incapaz de roubar
nossas potências nômades
nossa poderosa fragilidade
sempre lutando
contra os buracos brancos,
vencendo apenas
quando somos observadores
da fenda etimológica
e anulamos a magia cinza econômico-jurídica dos brancos
porque a palavra PODER jamais se referiu a um poder real
falava das emanações do simulacro de um pesadelo
cercado de povoamentos de sonhos
Sabemos ao sentir
o Aberto
que a língua da brisa
na copa das árvores
é mais real
do que angústia
anunciando a magia da segunda e terceira mentes
chamando a terceira pessoa do singular
até que venha o silêncio que é como uma força
Cosmogramática
através dela O PODER
com sua representatividade nula do irreal
será estilhaçado
por um tipo de polinização
destes silêncios autopoéticos
que deslocam a percepção do sonho
para todos os outros estados
do corpo
para todos os contornos e esboços
da presença do mundo
longe do encanto etimológico
que é como uma porta feita
com chaves coladas umas nas outras
com gelo e névoa
para ser dissipada pelo movimento
livre, despensado e solar do corpo
Todos os movimentos são celestes
do vento na teia de aranha
aos alvéolos
dos anéis de Saturno
até a embalagem plástica
do supermercado
voando como o anjo da história
na não intencionalidade
do ar
Podemos sentir
que a vontade da matéria
está atrás do pensamento de todas as coisas
que estão umas dentro das outras
como a água na água-viva
e o som nas explosões solares
ecoando nas batidas do coração do Colibri
e nas do nosso
Sabemos que asas foram enterradas
no corpo das mulheres
há algo de sublime nos fios
entrelaçados que formam a matéria
na vontade dos fios
na vontade das asas
na autonomia
bioestelar
que empurra o sangue
para o Sol no alto da cabeça
dos animais
que empurra a seiva
para o alto da cabeça vegetal
o cérebro polifônico da copa das árvores
coreocosmogramatológico
como o cérebro das nuvens
e o dos rios
mas não apenas o cérebro : O CORPO
que os antigos chamavam de NÃO MENTE
O CORPO NÃO MENTE
A natureza, sem esquemas
As supernovas, sem esquemas
Ou seja EROS
Pólenomádico
e sua maravilhosa buceta
que um dia foi
A TERRA
Poema de Vamos nos maravilhar nova versão, reescrita e ampliada.
Marcelo Ariel é poeta, ensaísta e teatrólogo. Nascido em Santos-SP , Brasil em 1968. Autor de Tratado dos Anjos Afogados ( Letra Selvagem ), Ou o Silêncio Contínuo poesia reunida 2007-2019 (Kotter Editorial-Prêmio Biblioteca Nacional 2020 ), Nascer é um incêndio ao contrário ( Kotter, 2020) e Subir pelo Inferno, descer pelo céu ( Kotter Editorial, 2021), As três Marias no quadro de Jan Van Eick ( Fósforo/Luna Parque/Círculo de Poemas-2022, Arcano 13 ( Com Guilherme Gontijo Flores- Editora Quelônio-2022), 22 clareiras e 1 abismo poemaensaio ( Letra Selvagem, 2022) entre outros. É colaborador das revistas Quatro Cinco Um, EGaláxia e Cult e como autor convidado do Laboratórios de Criação — Escrita de Literatura e Teoria dentro do Programa de Estudos Comparados de Literatura Portuguesa (Pós-Graduação da Universidade de São Paulo, Letras/FFLCH). Desde 2016 coordena cursos livres de escrita, poética e filosofia em São Paulo
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