Escavamos com a memória de nossa carne
essa cidade enfestada de traumas e violência.
Volto sintomaticamente eficaz às dores,
como um pêndulo de ouro bem lubrificado.
Quando o silêncio das famílias
se torna uma imensa dúvida,
um imenso deixado como está.
Aos que pensam, aos que ainda não entendem
o que fazer com esta condição: os outros
não servem. Não se pode aguarda-los.
E tudo o que se tira dessa espera é morte e sofrimento.
Não há tempo.
***
Estou cansado de ter,
de virar deus e perdoar
estando tão perto.
Sávio de Araújo nasceu em 1992, autor de “A carne da Era” (Lumme Editora, 2019).
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